segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pró-Crastinadores- O Retorno


 Um ano.

Demorou um ano, mas aqui estou eu, reativando meu blog. Aliás, ele nunca foi desativado, porque a minha intenção ao criá-lo era ajudar pessoas que se encontrassem nas mesmas condições em que eu me encontrava há um ano. Eu era uma garota tentando superar algo que sempre considerei um problema vergonhoso. Antes disso, passava noites seguidas lendo os posts da comunidade Mestrado Gera Traumas? do Orkut (tá aí um motivo bacana em se manter uma conta no Orkut ainda) e me sentia solidária a todas aquelas pessoas que tinham crises de travamento, que estavam se sentindo um lixo por estarem fazendo qualquer outra coisa que não era redigir as suas dissertações. Eu me solidarizava, me sentia menos sozinha no mundo, mas isso, definitivamente não resolvia o meu problema. Pelo contrário. Apenas alimentava a minha autopiedade e sentimento de inadequação. Ao invés de ir fazer algo que prestasse tipo sair andar de bicicleta - já que o tempo a ser perdido era o mesmo de ficar em casa na frente do computador, com o Word aberto - eu ficava me torturando com perguntas jogadas para o além:

- POR QUE EU NÃO CONSIGO FAZER ALGO QUE EU SEI FAZER E DEVERIA ESTAR FAZENDO? POR QUE? POR QUE?

 Isso tudo apenas me fazia sentir pior e me lançava em direção a todos os estágios de um círculo vicioso estressante, no qual eu > sabia que tinha de realizar algo > mas não conseguia então> ficava me martirizando e aí> procurava no google alguma receita para me "curar", e até encontrava algo> mas me sentia pior ainda, pois tudo o que eu encontrava eram artigos sérios demais e que me faziam sentir segregada do mundo:
Eu versus todo mundo no mundo que consegue fazer tudo sem pestanejar
Então comecei a escrever o blog - já que não conseguia escrever uma dissertação, queria poder escrever sobre o que não saía da minha cabeça: a procrastinação. Por que é que a gente deixa de fazer o que tem que fazer e como isso pode ser analisado e experenciado de modo que ninguém fique mal, triste, depressivo, paralisado? Mais sobre essa jornada pode ser encontrada nos primeiros posts.

E o que fiz durante esse tempo todo que o blog estava em stand-by?

Bom, eu fui curtir a minha vida e me diverti um bocado. Trabalhei, freelei, fui voluntária, fiz curso e um monte de coisa que me gerou mais ideias para escrever sobre... pró-crastinação. That's life.

Descobri que esse assunto me interessava muito mais do que eu pensava e comecei a expandir as minhas pesquisas. E percebi que sou apaixonada por compreender processos de criação e de aprendizagem. Eu, por exemplo, aprendi a maior parte dos acordes de violão que sei hoje durante os momentos mais críticos do meu mestrado (que não tinha NADA a ver com música). Percebi que a minha pró-crastinação sempre foi muito artística, tipo "Meu, não tô conseguindo pensaaaar, faz duas horas que tô aqui nesse computador e só consegui redigir um parágrafo desse texto. Ah. Vou ali estudar violão". Deixava de fazer uma coisa para ir fazer outra e acabava aprendendo. E satisfeita com a capacidade de conseguir realizar algo, eu coseguia voltar e realizar o que tinha de ser realizado (confuso?).

E tudo isso me veio a mente há umas duas semanas, enquanto eu passava por uma entrevista de emprego e me pediram para falar sobre um momento da minha vida em que eu tive um problema e como eu consegui resolvê-lo. Na hora me veio o Pró-Crastinadores na cabeça. "Eu consegui concluir minha dissertação fazendo um blog sobre procrastinação" (é, falei sobre procrastinação numa entrevista de emprego, sou dessas). Então, depois disso, me perguntei por que é que eu não estava fazendo o que eu gosto de fazer. Ou seja, escrevendo sobre assuntos que me interessam de modo a ajudar as pessoas e me ajudar (porque escrever um blog é sim uma forma de autoajuda, a gente consegue organizar as ideias e isso é muito bom).
 
Então é isso. Vamos voltar a  falar sobre por que é que a gente não faz o que tem que fazer e como fazer isso fazendo outras coisas de modo a conseguir fazer o que tem de ser feito!

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