terça-feira, 26 de janeiro de 2010

1,2,3 e já! A técnica.

O título desse post é parecido com o do meu post de estréia. É que escrevi o primeiro post na base do 1,2,3 e já! a minha técnica contra a procrastinação daninha. Como eu discuto aqui no blog, há a pró-crastinação, que pode render bons frutos, e há a procrastinação daninha, que a gente desenvolve assim como um vício, algo que a gente faz de modo automático. Por exemplo, você precisa telefonar para alguém para dar algum, aviso,/recado/pedir alguma informação e sei lá por quê você pensa "ah, já, já faço isso". E pode até ser que faça dali a pouco mesmo, mas pode ser que não também e aí que a coisa começar a ficar contraproducente (haha, não acredito que escrevi essa palavra. eu a odeio). Mas para tudo dá-se um jeito, e há uma forma bem simples de tirar a procrastinação daninha do piloto automático: a revolucionária técnica do

1,2,3, E JÁ!

Muito simples. Utilizo sempre que preciso fazer algo que pode ser resolvido rapidamente e , por algum motivo obscuro, eu resolvo deixar para fazer depois. Primeiro eu noto que estou adiando algo bobo, aí eu tomo um fôlego e repito mentalmente 1,2,3 e já! vou e faço. Sem olhar pra trás, hein. Para intensificar a técnica sempre me imagino pulando numa piscina, igual quando era criança. É só sair correndo, dizer 1,2,3 e JÁ! e pronto. Quem se atira na piscina é pra se molhar.

"1,2,3 e já! woohoo"

Funciona melhor com tarefas de resolução rápida, como arrumar o quarto, fazer telefonemas, responder emails, escrever posts, pagar contas, enfim, tudo que necessita de um impulso inicial para se começar, mas que depois vai fluir mais facilmente.
Você pode sofisticar sua técnica e escolher mentalizar o 1,2,3, e já! de outras formas. Ao invés de se imaginar pulando numa piscina, pode imaginar pulando de pára-quedas, de bungee-jump, de skycoaster, enfim, qualquer coisa que necessite de um pouco de coragem.



Pular de prédio rumo a morte não vale.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Concebendo utilidade a coisas (aparentemente) inúteis

No final post anterior, comentei sobre o fato de a procrastinação gerar um tipo de tensão que nos impulsiona a conceber utilidade a coisas e momentos que seriam, num momento de puro ócio, aparentemente irrelevantes. Desse modo, pode-se conseguir ótimas ideias, insights e resultados que não seriam conseguidos sem a tensão do ato de procrastinar.
Por exemplo, você precisa redigir um trabalho, mas está enrollando pra começar (não importa o motivo). Aí você, como quem não quer nada, vai até o seu violão, coloca ele no colo e começa a dedilhar pela milésima vez Stairway to Heaven. Porém, nesse momento, há certa tensão no ar e então você se senta com a postura correta, segura firmemente o instrumento e não fica "dedilhando":você ESTUDA. A tensão te faz sentir responsável e o impede de agir de modo displiscente, pois assim você confirma à sua mente que não está "perdendo tempo". Resultado: você deixa a sua técnica muito mais sofisticada.
característica de quem não está sob o efeito da "tensão pró-crastinadora": toca largado.

Outro exemplo para ilustrar essa situação é uma palestra muito interessante da antropóloga Mirian Goldemberg (indico para todos que estão na pós-graduação ou que trabalham com a escrita). Nele, a antropóloga abre o coração, e apesar de em nenhum momento citar a palavra procrastinação, podemos reconhecer o "momento tensão pró-crastinadora" na passagem abaixo:

"A única novela que me permiti assistir foi Laços de Família, pois tinha a justificativa de estar dando um curso sobre a família na pós-graduação com a Bila. Depois, publiquei dois artigos sobre a novela para provar para mim mesma que não estava vagabundeando".

Ora, e porque ela precisava provar para si mesma que não estava vagabundeando? Porque certamente, enquanto assistia a novela, ela pensava nos relatórios a escrever, nas aulas a preparar, nas provas a corrigir...Se ela estivesse com tudo pronto, ela deitaria no sofá confortavelmente e o máximo de reflexão que teria seria sobre o fato de o tom de pele terracota da Vera Fischer estar descombinando com seu cabelo platinado (ok, estou exagerando, talvez ela fizesse reflexões sobre família e pós-modernismo no Brasil, mas a culpa não seria tanta a ponto de produzir artigos sobre isso, vai).

Em resumo, um pouco de tensão pró-crastinadora, às vezes, cai bem.

"huuumm, acho que isso rende um artigo pra congresso..."

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Procrastinação estruturada

Criador da expressão Procrastinacão Estruturada, John Perry, Professor no Departamento de Filosofia da Universidade de Stanford, é também autor de diversos livros que contribuíram para o desenvolvimento de sua área e sub-áreas (filosofia da linguagem, metafísica e filosofia da mente).

Perry defende a ideia de que podemos fazer com que a procrastinação trabalhe a nosso favor, tornando-nos seres humanos eficientes, respeitados e admirados pelo número de tarefas que podemos realizar. A ideia-chave desse conceito é a de que procrastinar não significa não fazer nada, "procrastinadores raramente ficam ser fazer nada", ele diz, "eles fazem rapidamente coisas úteis".

E como trabalhar dessa forma? Criando uma lista com coisas a se fazer por ordem de importância. As tarefas mais importantes e urgentes (e que você está adiando) ficam no topo da lista e, outras tarefas menos importantes, vêm em seguida. Aí então começa a a parte divertida: você começa a realizar muitas coisas de modo eficiente, coisas que provavelmente você também adiaria caso não tivesse algo mais importante e trabalhoso a se fazer. Tudo parece mais fácil em comparação com a tarefa difícil. Além de resolver pequenas pendências, você ainda aumenta seu senso de utilidade (yes, you can!), o que pode aumentar sua coragem para fazer as tarefas do topo da lista.

Na sua lista você pode colocar muitas coisas, as quais você pode começar a fazer imediatamente.

- redigir um relatório
- checar e responder emails
- ler aquele artigo pendente
-pesquisar alguns dados na internet
-revisar um trabalho
-organizar pastas no computador
-fazer a lição do curso de idiomas
-pagar contas no banco
-lavar a louça
-guardar a louça
-varrer o quintal
-preparar e congelar a comida que vai comer durante a semana
-lavar o banheiro
-descongelar a geladeira
-ligar pro disk-água e pedir um galão cheio
-etc.

Bom, essas são só algumas coisas que pensei para serem colocadas em uma lista de coisas a se fazer. Acho que todo pró-crastinador possui a casa mais limpa do mundo em épocas nas quais precisa fazer algum trabalho importante, hehe. E isso é inútil? Claro que não.

faxina: não menospreze essa tarefa

Segundo Perry, o problema dos procrastinadores é que eles, frequentemente, seguem uma linha de raciocínio que vai em direção contrária ao que foi exposto aqui. Eles acabam se comprometendo com menos tarefas por acharem que, assim, terão mais tempo para liquidar o que precisa ser feito de mais importante. Porém, essas 'poucas coisas' serão, consequentemente, as mais importantes e então, ele (o procrastinador) não fará nada a respeito disso. O 'truque', conforme ele explica, é de colocar no topo da lista, tarefas com o prazo de entrega bem definido. Isso dará o senso de urgência para que o trabalho seja realizado de qualquer jeito. Talvez, no meio do caminho, aparecerá alguma outra tarefa mais importante ainda do que a primeira, então esta perderá a prioridade na lista, e será feita mais rapidamente.

Podemos chamar esse tipo de procrastinação não somente de estruturada, mas também de deliberada, e isso nos confere uma maior sensação de controle. Para o filósofo, sentir-se mal em relação ao adiamento do trabalho é o que mina a motivação dos pró-crastinadores. Aí, nada é feito mesmo.

*

Depois de ler sobre isso, fiquei aqui pensando que outro fator que garante essa instrumentalização da procrastinação, é o fato de a mente permanecer sob uma certa 'tensão' durante o adiamento. Desse modo, ela fica muito mais comprometida em garantir um sentido único aos pequenos afazeres. Coisas que poderiam passar desapercebidas ganham uma importância maior, o que pode gerar uma maior percepção de novas oportunidades.

Escreverei mais sobre isso no próximo post.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pró-crastinadores?

Desde que escrevi o primeiro post, não expliquei direito o por quê do título do blog ser pró-crastinadores, assim, com essa grafia. O que quis fazer foi somente um jogo de palavras, uma brincadeira, com o termo "pró-ativo", muito em voga atualmente. Mas a grafia de pró-ativo também pode ser proativo. Acho que começaram a colocar hífen só para dar ênfase, assim como algumas pessoas escrevem pré-conceito, para chamar a atenção para o significado da palavra. Enfim, aqui no blog eu escreverei procrastinação com e sem hífen. A utilização do hífen é para mudar a "imagem" que temos dessa expressão. Exemplo:

Procrastinação= do MAL
Pró-crastinação= do BEM

E, obviamente, isso é outra brincadeira, afinal, esse tipo de interpretação binarista da vida já está ficando meio que ultrapassada. O mundo não se divide mais entre Ruth e Raquel, aliás, nunca se dividiu, mas é que a gente acha gostosa a sensação de segurança que provem do fato de sabermos que existem fronteiras bem demarcadas para tudo. Faz bem para o nosso senso de auto-valor saber que opa, eu sou ISSO aqui, mas não, pelo amor de deus, eu definitivamente não sou AQUILO. Quem é AQUILO é aquele OUTRO.

Com isso, quero dizer que procrastinador e proativo não são conceitos excludentes. As palavras ao pé da letra, são diferentes, claro. Como foi visto aqui, procrastinar quer dizer adiar, já a proação tem a ver com tomar a iniciativa. Mas adiar também não significa NÃO-fazer, mas "fazer depois". E entre a intenção e o fazer pode haver vários processos que podem não ser medidos através de termos como produtividade, mas nem por isso são menos importantes ou até mesmo imprescindíveis. Aliás, está aí outra palavra que se disseminou e tomou conta de quase todos os setores da nossa vida. Proveniente do meio empresarial, hoje produtividade é usada para designar coisas fundamentais do cotidiano como ser eficiente ao voltar pra casa, preparar a janta e dar banho nas crianças ou se relacionar bem com o parceiro(a). Sabe, como dizem por aí, 'demonstrar serviço". Então a gente vai proagindo, sem saber ao certo o por quê, e acumulando muitas atividades inúteis pra não perder essa sensação "gostosa" de... produtividade. He-he.

E assim eu sigo desconfiando do uso das palavras e fico meio perplexa quando vejo que tem gente que leva isso a ferro e fogo. Estava pesquisando sobre proação para escrever esse post e me deparei com alguns textos em que os autores (da área de RH) estavam muito desapontados, pois "muita gente que se diz pró-ativa, não é pró-ativa... Colocam lá no currículo ou respondem, durante uma entrevista que sua melhor qualidade é serem pró-ativas, mas no dia-a-dia acabam não demonstrando isso, ficam fazendo corpo mole (humpf, magooei)" .

Ora, mas isso nem é de se estranhar, já que há tanta expectativa por trás dessa simples expressão.
Algumas vezes as pessoas vão tomar a iniciativa, algumas vezes não. Algumas vezes elas vão se dispor a ficar trabalhando naquele relatório durante o final de semana, se isso for proposto como uma opção. E, às vezes, não. Outras vezes elas vão se colocar a frente da equipe e vão solucionar aquele pepino e.... às vezes, não. E sabe o que elas vão , às vezes, fazer também? Vão pró-crastinar. E óbvio que ninguém vai dizer isso numa entrevista de emprego, porque isso é feio. É uma característica muito humana e, cá entre nós, não é muito legal demonstrar isso. Melhor mesmo é dizer, caso perguntarem isso, que seu defeito é ser perfeccionista. E sei lá quem é que inventou isso de falar que ser perfeccionista é bacana, como se fosse bom ser neurótico. Então é isso, você é pró-ativo e perfeccionista. Mas o entrevistador sabe (ou ao menos deveria) que as pessoas perfeccionistas são também as que mais procrastinam (depois escrevo um post só sobre isso).

No próximo post irei falar sobre mais um pró-crastinador de sucesso, o filósofo John Perry, professor da Universidade de Stanford. Hum, mais um acadêmico. Vou pesquisar sobre alguns pró-crastinadores de sucesso de outras áreas. Vamos ver se acho algo sobre o Antônio Ermírio de Moraes ou, sei lá, Steve Jobs... afinal, quem é que larga a faculdade para fazer curso de caligrafia? Um pró-crastinador!

"Eu abandonei a faculdade no primeiro semestre, mas continuei frequentando por mais dezoito meses, antes que eu realmente saísse" (Steve Jobs). Imagina o tanto de estudo para prova que ele pró-crastinou.

Em suma, só gostaria de ressaltar que o motivo principal de ter escrito esse post era o de defender uma visão mais ampla das características humanas. Sejamos nós empreendedores, acadêmicos, artistas ou tudo isso juntoemisturado.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Procrastinação na academia (não a de ginástica... por enquanto)

Jorge Cham é o que podemos chamar de pró-crastinador de sucesso. Formado em Engenharia Mecânica, Cham começou a fazer seus primeiros rascunhos do que viria a ser uma tirinha de sucesso, o Phd Comics, quando ainda estava no mestrado.

"you can choose your own definition of success"

Assim como o ex-economista e cartunista Scott Adams, autor do divertido Dilbert, Cham também inspirou-se no meio em que o rodeava para criar personagens que causam grande empatia nos leitores, que se identificam profundamente com as histórias retratadas em cada tirinha. É o que podemos chamar de "humorista orgânico", expressão baseada no conceito de intelecual orgânico de Gramsci (rá, e essa é só uma piadinha. uma piadinha orgânica, apenas pra manter a força do habitus  #cientistassociaispiadistas).

Retratados em suas angústias, anseios e muitos e muitos episódios de procrastinação, os personagens do Phd Comics demonstram como é o cotidiano dos estudantes de pós-graduação (sem nem um pingo do glamour de como a ciência frequentemente é vista e retratada pela mídia de massa).
o "eu deveria" é o sentimento recorrente da procrastinação

Atualmente, Jorge Cham se dedica exclusivamente ao cartunismo apesar de ter concluído o pós-doutorado em ciências exatas. Com o sucesso de suas tirinhas, passou a ser convidado para dar palestras em universidades no mundo todo. O tema? O Poder da Procrastinação (infelizmente, em seu site, não há material escrito sobre o conteúdo dessas falas). A demanda por suas palestras é bem alta, capaz de deixar qualquer conferencista pró-ativo-resultados-são-pra-ontem de queixo caído.

É um exemplo de que a procrastinação pode ser utilizada de forma criativa e empreendedora. Ou você acha que ele não cria sobre o que conhece profundamente? Quem é que fica desenhando tirinhas durante o mestrado em engenharia? Hehe.

Saiba mais em Piled Higher and Deeper: The Everyday Life of a Grad Student



ps- Mas como eu gostaria de sempre ressaltar aqui, uma coisa não exclui a outra. Durante sua vivência acadêmica, Cham também cumpriu suas tarefas, por mais procrastinadas que tenham sido. Nos próximos posts escreverei sobre a "procrastinação estruturada", termo concebido por John Perry, outro pró-crastinador de sucesso.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Procrastinação e a menina

Procrastinação é uma palavra meio feia, convenhamos. Parece nome de alguma bruxa má, ou de alguma uma deusa grega maligna. Acho que é porque me lembra o Procusto, da mitologia. Enfim, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Procrastinação possui origem latina e significa "deixar para amanhã" (pro= a favor; cras= amanhã).
se a procrastinação for uma bruxa mesmo, ela está mais pra bruxa do 71.

Não me lembro exatamente de quando eu escutei (ou li, não sei) essa palavra e aprendi seu significado. A única coisa que me lembro é que identifiquei um comportamento que eu tinha, mas não sabia que poderia expressá-lo em forma de verbo. Acho que eu já estava no colegial nessa altura da vida e até então era uma boa aluna, mas passei a eleger prioridades na minha educação e isso fez com que eu deixasse para estudar matemática sempre na véspera das provas. E de modo desesperado.Isso me causava alguns problemas, como ter de fazer tarefas extras no final do semestre para garantir nota, mas, por outro lado, eu ia bem no que realmente me importava. Achava que a vida tenderia a melhorar depois que eu entrasse na faculdade e não precisasse nunca mais ver números na frente. Porém, não foi bem assim ("...desilusão, desilusão, danço eu, dança você...").

Como estudante universitária me deparei com uma grande quantidade de disciplinas que não possuíam números, mas tampouco eram convidativas. Isso misturado ao fato de mudar de cidade, conhecer gente nova, etc. resultou em mais outras listas de prioridades. Porém, como você deve saber, algumas listas de prioridades que fazemos (que ficam registradas somente na cabeça), nem sempre seguem uma metodologia, uma lógica que nos favoreça. Provas, resenhas, e seminários às vezes ficavam um pouco abaixo nessa lista (ah, mas não muito, vai. Apenas vinham depois de comprar bebida para 'esquentas', ir no festival de filmes do sesc, ler jornal na biblioteca...). E dá-lhe café na madrugada durante as provas. É, procrastinadores possuem uma fé inabalável . Não importava o que acontecesse, no final tudo dava certo mesmo. A fé, a segurança em si próprio e um pouco de noção da realidade faziam com que as coisas permanecessem sob controle.


Não satisfeita, entrei no mestrado e o que antes era fácil se tornou pesado e complicado. O ato de procrastinar atividades ou leituras apenas faziam com que as coisas parecessem mais ininteligíveis do que já eram. O clima não era , nem de longe, parecido com o que fora vivenciado na graduação.E assim sugiu o medo (uma das causas da procrastinação, dentre outras, como o perfeccionismo, o que pode resultar em culpa, depressão, mania de perseguição, isolamento, etc...eita!). E então me deparei com o lado sombrio da procrastinação. E como sou pesquisadora-chata-xereta, ao invés de procurar formas de me livrar desse "mal", resolvi pesquisar e entender o por quê das pessoas procrastinarem, quais os sentimentos envolvidos nesse processo, por que isso é visto de modo tão desqualificado sendo que todos procrastinam em algum momento, alguma coisa (até o prazer é procrastinado, vejá só você). E, enfim, como isso pode ser positivo de alguma forma.

A maioria dos artigos sobre procrastinação são uma verdadeira bronca. Isso faz com que nos sintamos pior do que já estamos nos sentindo e assim não há ânimo que resista para realizarmos as menores das tarefas. Não é essa linha que pretendo seguir.

Gostaria que quem lesse o meu blog passasse a se sentir melhor a respeito de si mesmo, assim como eu me senti após passar a pesquisar sobre o assunto, e também descobrir as tirinhas do Jorge Cham, do Phd Comics, sobre quem falarei no próximo post.

ps: mestrado em andamento.

domingo, 10 de janeiro de 2010

1,2,3 e já!

pro.cras.ti.nar 1. deixar para fazer algo mais tarde

Encontrei essa definição no Wikicionário. No meu mini-dicionário Aurélio, que está um pouco desatualizado (na verdade, caindo aos pedaços praticamente), o significado de procrastinar é adiar. Simplesmente isso: adiar.

Minha ideia sobre procrastinar vai além dessas meras definições formais. E minha intenção ao abrir esse blog é discutir, reunir materiais, relatar experiências (a minha e a dos outros), e, acima de tudo, criar um espaço para que os procrastinadores, sejam ele ocasionais ou crônicos, sintam-se acolhidos e deixem de ser marginalizados pela sociedade. Afinal, de procrastinador e de louco, todo mundo tem um pouco (ok, ficou meio tosco esse trocadilho).

Acredito que a procrastinação precisa ser desmistificada e passe a ser tratada de forma mais leve e não como um dos sete pecados capitais. Isso porque muita gente confunde procrastinação com preguiça. E, definitivamente, uma coisa não é sinônimo da outra. Vocês, meu amigo procrastinador, minha amiga procrastinadora, não são preguiçosos/vagabundos/irresponsáveis/indolentes. Não mesmo. E vocês também não sofrem de um "mal", de um desvio de caráter e muito menos de uma doença. Você não é uma pessoa fracassada, ineficiente ou pior do que as outras.

A procrastinação é uma forma de encarar certas atividades em nossas vidas e ela pode surgir de diversas formas. Você pode procrastinar tanto o sofrimento quanto o prazer. Pode procrastinar grandes ou pequenas coisas. O que proponho a você, que está buscando uma forma de matar o ser procrastinador dentro de si é que pare e reflita um pouco. Todos (ou uma boa parte, não sei) buscamos nos aperfeiçoar como pessoas e isso implica a "correção" de nossos defeitos. Porém, para mim, o que consideramos defeitos pode ser muito útil dependendo da situação e da dosagem em que se manifesta. Todo exagero faz mal (e acho que isso você já aprendeu durante a páscoa, quando comeu aquele ovo de meio quilo em um dia) , mas ele pode ser usado a seu favor também. E como fazer isso? Perdendo o medo, se expondo, aprendendo.

Por isso o nome desse blog é Pró-crastinadores. Não vamos ter vergonha do que somos e não vamos nos esconder. Até os pró-ativos são procrastinadores, e os procrastinadores também são pró-ativos. Chega de perseguição, galera. Não somos grupos antagônicos.

Nos próximos posts falarei mais um pouco sobre a minha experiência com a procrastinação.
Vem comigo.