segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Procrastinação e a menina

Procrastinação é uma palavra meio feia, convenhamos. Parece nome de alguma bruxa má, ou de alguma uma deusa grega maligna. Acho que é porque me lembra o Procusto, da mitologia. Enfim, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Procrastinação possui origem latina e significa "deixar para amanhã" (pro= a favor; cras= amanhã).
se a procrastinação for uma bruxa mesmo, ela está mais pra bruxa do 71.

Não me lembro exatamente de quando eu escutei (ou li, não sei) essa palavra e aprendi seu significado. A única coisa que me lembro é que identifiquei um comportamento que eu tinha, mas não sabia que poderia expressá-lo em forma de verbo. Acho que eu já estava no colegial nessa altura da vida e até então era uma boa aluna, mas passei a eleger prioridades na minha educação e isso fez com que eu deixasse para estudar matemática sempre na véspera das provas. E de modo desesperado.Isso me causava alguns problemas, como ter de fazer tarefas extras no final do semestre para garantir nota, mas, por outro lado, eu ia bem no que realmente me importava. Achava que a vida tenderia a melhorar depois que eu entrasse na faculdade e não precisasse nunca mais ver números na frente. Porém, não foi bem assim ("...desilusão, desilusão, danço eu, dança você...").

Como estudante universitária me deparei com uma grande quantidade de disciplinas que não possuíam números, mas tampouco eram convidativas. Isso misturado ao fato de mudar de cidade, conhecer gente nova, etc. resultou em mais outras listas de prioridades. Porém, como você deve saber, algumas listas de prioridades que fazemos (que ficam registradas somente na cabeça), nem sempre seguem uma metodologia, uma lógica que nos favoreça. Provas, resenhas, e seminários às vezes ficavam um pouco abaixo nessa lista (ah, mas não muito, vai. Apenas vinham depois de comprar bebida para 'esquentas', ir no festival de filmes do sesc, ler jornal na biblioteca...). E dá-lhe café na madrugada durante as provas. É, procrastinadores possuem uma fé inabalável . Não importava o que acontecesse, no final tudo dava certo mesmo. A fé, a segurança em si próprio e um pouco de noção da realidade faziam com que as coisas permanecessem sob controle.


Não satisfeita, entrei no mestrado e o que antes era fácil se tornou pesado e complicado. O ato de procrastinar atividades ou leituras apenas faziam com que as coisas parecessem mais ininteligíveis do que já eram. O clima não era , nem de longe, parecido com o que fora vivenciado na graduação.E assim sugiu o medo (uma das causas da procrastinação, dentre outras, como o perfeccionismo, o que pode resultar em culpa, depressão, mania de perseguição, isolamento, etc...eita!). E então me deparei com o lado sombrio da procrastinação. E como sou pesquisadora-chata-xereta, ao invés de procurar formas de me livrar desse "mal", resolvi pesquisar e entender o por quê das pessoas procrastinarem, quais os sentimentos envolvidos nesse processo, por que isso é visto de modo tão desqualificado sendo que todos procrastinam em algum momento, alguma coisa (até o prazer é procrastinado, vejá só você). E, enfim, como isso pode ser positivo de alguma forma.

A maioria dos artigos sobre procrastinação são uma verdadeira bronca. Isso faz com que nos sintamos pior do que já estamos nos sentindo e assim não há ânimo que resista para realizarmos as menores das tarefas. Não é essa linha que pretendo seguir.

Gostaria que quem lesse o meu blog passasse a se sentir melhor a respeito de si mesmo, assim como eu me senti após passar a pesquisar sobre o assunto, e também descobrir as tirinhas do Jorge Cham, do Phd Comics, sobre quem falarei no próximo post.

ps: mestrado em andamento.

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